Sente-se as frinchas cortadas quando o cérebro se esvazia.
Sente-se o sangue coagulado debaixo da pele e as explosões fugazes das paixões a desvanecerem, gritos negros de fraco líquido sanguíneo.
Sentem-se as flâmulas da morte insone que me foste dando no meio das palavras, esgotos contaminando as minhas veias como quem acha um decapitado.
Sente-se a tua voz estridente incendiando os luares que deixaram de existir.
Sente-se a frívola dor do pesadelo que enxertaste violentamente em mim, que prometeste não deixar cair em cancros forçados, sentimentos arranhados pela lâmina com que me desfizeste.
Sente-se em todos os lados escuros o teu álcool grosso, os teus ranhos congelantes, as cinzas que tornas os humanos.
Sente-se a morte lenta a afogar os sonhos e os universos falsos entre as tuas coxas e os teus lábios.
Sente-se a tua língua mole, quase morta, a contorcer-se entre os pensamentos frios e duros dos homens.
Sente-se a ti, só isso, a passar no obscuro de cada cérebro inteligente e matá-lo nos sorrisos dos monstros, na brancura dos teus dentes canibais.
Sente-se a tua voz como serras que mutilem ossos e lágrimas.
Sinto-te, tão bem como sinto o meu coração a derreter no sangue coalhado dos loucos.
Sinto-te como quem sente os infernos cervejando a glória dos diabos…
…e, mesmo assim, vou-me lembrando de flores.
Saintbroken 5.6.11
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