Uma memória metralhava
Uma fina saudade só
Entre silêncios cantava
No meu cérebro em pó.
Um clangor suave
Um desvanecido pecado
Calvário bom, grito grave
Como quem gosta de fado.
É isto, escrever sem ler
O que sussurram as memórias
Pedaços de ti, pedaços de ser
Sem que o sejam as histórias.
Falar alto ao mundo
Ou deixar de olhar a lua
Ver-te passar, tocar o fundo
Deixar de existir, pensar-te nua.
Porque me morre o olhar
Onde explodiu o teu vulcão
Saber, sentir, ver-te falhar
E reconhecer-te a perfeição.
Naqueles lados obscuros
Onde se sente até o ar
Falaria entre silêncios duros
Silêncios sós, nosso beijar.
E penso-te toda, assim
Entre peças de um sangue
Sou o que meteste em mim
E que tiraste. Sou exangue.
19.7.11
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